Financiamento: Prazos longos geram altas dívidas
Os mutuários da casa própria vêm optando por imóveis cada vez mais caros, mas, em contrapartida, têm destinado um valor menor para a entrada do financiamento. Como consequência, a dívida que terão de pagar ao longo dos anos, acrescida de juros, também está crescendo. Se em 2006 ela era de R$ 70,6 mil, em 2009 o valor médio do financiamento atingiu a marca de R$ 123 mil, uma alta de 74,22%.
As informações constam do balanço do mercado imobiliário referente a 2009, divulgado ontem pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP). O levantamento revela que o setor enfrenta uma fase extremamente positiva e que os mutuários estão otimistas com o futuro da economia, mas por isso mesmo, precisam refletir para não se endividarem por um tempo tão longo, evitando o pagamento de mais juros.
Segundo Luiz França, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito e Poupança) com as mudanças recentes nas regras do mercado, o consumidor também alterou seu comportamento. “Se antes ele adiava a compra até poupar uma boa quantia, para daí financiar uma parte menor, agora ele prefere comprar antes e pagar em mais tempo.
É aí que mora o perigo! “Quem faz um financiamento com valor muito alto, por um longo prazo, está apostando que não vai ter qualquer complicação financeira nos próximos 20 ou 30 anos. E essa é uma aposta arriscada”, alerta Rafael Paschoarelli, professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA). “O ideal é dar um passo de cada vez, primeiro comprar um imóvel mais modesto para depois ter um maior. É melhor ir com calma para alcançar seu objetivo”, diz.
A parcimônia é bem-vinda mesmo nos momentos de extremo otimismo, como o que o setor imobiliário vive hoje. O balanço do Secovi-SP mostra que, em 2009, foram vendidas 35.832 unidades na capital, 9,1% a mais que em 2008. E neste ano a previsão é que haja um crescimento de 5% nas vendas de 10% nos lançamentos.
Especialistas recomendam que o ideal é reunir 50% do valor total e pagar o restante no menor tempo possível. Assim o planejamento é a melhor opção para o consumidor. Este pode utilizar a poupança ou o consórcio de imóveis.